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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Tendus, Pliés e Echappes



Há pouco mais de dois anos atrás, o motivo não me lembro bem, eu começara a persistir com a ideia de fazer aulas de balé. Meio esquisito, nunca tive contato com o balé, fui sempre aquela menina "dura", que segundo mamãe nunca demonstrou interesse por dança alguma. Quando eu estava no jardim, fazia aulas de jazz, mas a única coisa da qual me lembro é de uma dancinha com lenços e outra com uma música que dizia "bom xi bom xi bom bom bom" de uma baiana que provavelmente fez sucesso na década de 90.
Bem, quando coloco algo na cabeça, não há nada que tire e então eu fui. Me inscrevi nas aulas de balé, e só pra piorar, já era fim de ano letivo hehe. Teimosia é meu forte. De início, eu tinha até vergonha, não tinha alongamento nenhum, endeors zero, e força? Menos ainda, e a minha primeira posição, estava mais para uma sexta. Mas vamo lá. Passou ano, e eu evolui. Mas não tudo o que eu queria. Quando se trata de ballet, se trata de superação sempre. Cada dia que passa, cada aula que temos, é necessário que exista um avanço. E se não tiver? Ah eu choro as pitanga mesmo. 

E eu me dediquei. Passou mais um ano e cá estou, com sapatilhas de ponta nos pés louca para ter minha próxima aula.

Bailarinos vivem em uma busca interminável pela perfeição. E é uma sensação mágica, sair das coxias, ir até os holofotes e mostrar ao mundo, tudo o que você tem e deu de melhor durante todos os anos de dedicação.
Quando se inicia a música anterior da sua, aquele nervosismo inevitável surge e parece que um branco irá dominar sua memória e tudo será um fiasco. Mas não, depois que entramos no palco, tudo sai tão suavemente, só nos deixamos levar pela música clássica, rápida ou mais lenta, e quando se dá conta, já está deslizando para as coxias novamente. O som dos aplausos ecoam nos ouvidos e principalmente no coração. Orgulho. Foram meses de ensaio no linóleo que resultaram em 4 minutos no palco, mas foram 4 mágicos minutos.
Não é fácil, são muitas coisa a se pensar simultaneamente, como, endeors, abdômen contraído, coxas para fora, costelas para dentro, peso nos cinco dedos, cabeças e braços nos lugares certos, e ufa!
Muitos podem pensar que balé é um esporte que deve ter início nos primeiros anos de vida, e sim, existem meninas na  minha turma que inciaram com 3 anos de idade, mas isso não é regra, e pode até parecer clichê porém verdade, mas com dedicação tudo é possível.
Sempre existirão criticas, ou aqueles olhares de reprovação, mas onde é que isso não existe? Faço por mim o que amo. Faça por você o que ama.
O balé me conquistou de tal forma que agora não consigo viver sem, com criticas ou não, é algo que me faz feliz, e se te faz feliz, que mal tem não é?


Balé é amor, é alma!

domingo, 6 de outubro de 2013

40 metros do chão



Já havia um bom tempo que não chovia, aquela era a primeira vez desde meados de maio, não sei de que maneira, mas o cheiro de terra molhada invadia a sala. Vinha um sopro de vento que fazia com que meus cabelos castanhos o acompanhassem em delicadas ondas. Aquele cheiro me trazia certa nostalgia, a vida no campo, a calmaria. 
A cidade pode ser um sonho, mas está em uma linha tênue com uma utopia, as vezes não é real. Apreciamos tudo aquilo em filmes de Hollywood mas não imaginamos o caos que na realidade é. 
E as lembranças daquela vida campineira logo me levavam de volta a um amor desimpedido, tão sincero. 
E era tão bom, o vento estapeava meu rosto, o som da chuva era calmante, tranquilizador. Eu sentia falta deste contato com a natureza, deste sinal de vida divino. A chuva é uma das manifestações mais expressivas da natureza, hora é severa e má, leva tudo que vê por meio ao seu caminho, hora é delicada e sutil, traz esperança e tranqüilidade, limpa a alma. 
Voltada para aquela janela de Madeira antiga e mal envernizada, desperto de um devaneio e me vejo novamente em uma janela de alumínio a 40 metros do chão, no 15 andar do meu edifício de estrutura antiga, que há 3 anos já era meu atual lar. Mas isso é um paradigma, dizem que o lar é onde mora o nosso coração, onde estaria o meu?