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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Estação West Side


É uma terça feira, véspera de feriado, estou atrasada. Deveria estar no linóleo, com as sapatilhas colocadas e aquecida. Olho pro relógio e já são 14:26, tenho que estar em sala em menos de 5 minutos. Essa estação nunca pareceu tão longe, que eternidade!
Saio da estação de metrô e corro pra porta da academia, olho pelas janelas da frente e avisto inúmeras meninas já enfileiradas na barra. Droga. Estou quase lá. Mas é quando meu celular bipa, leio uma mensagem. Parece que a rotação da Terra foi interrompida, o tempo foi congelado. Quando olho pra cima vejo um senhor que passa por mim sorrindo para mim, um ato de pura educação.  Olho para a porta de vidro ao meu lado e vejo no meu reflexo que estou sorrindo. Sorrindo sozinha. Sorrindo por causa de uma mensagem. Sorrindo por causa de você. Acho engraçado e olho novamente para o celular pra ver se é real mesmo, e ali esta. Instantaneamente aquelas malditas borboletas voltam e meu estômago parece querer sair correndo de mim como se eu tivesse uma doença contagiosa.
Um simples "Te vejo mais tarde?" muda completamente meu foco pelo resto do dia.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Apanhador de sonhos


Essa tarde tive um pesadelo, mas não era nada parecido com monstros ou fantasmas ou até serial killers me perseguindo. Era uma cena de cotidiano muito comum, mas com um pequeno e miserável detalhe. Eu me lembro bem, era no entardecer daquele dia frio e eu passava pela rua 4 que estava bem movimentada como todos os dias. Era meio de novembro, logo o inverno chegaria e a temperatura caía cada vez mais. Como boa londrina, eu amava aquela época do ano. O frio, as roupas, o modo como tudo ficava diferente, e mal podia esperar pela neve, ah como eu amava a neve. Foi então que toda aquela minha euforia interna se petrificou, congelou assim que te vi, sorrindo, aparentemente bem feliz. No primeiro momento meu coração disparou, minhas pernas bambearam e senti a adrenalina subir até o ultimo fio de cabelo. Afinal era você alí, mas logo notei uma movimentação do seu lado, e era alguém, mas te abraçando. De certa forma, mesmo eu odiando admitir, aquilo não me agradou muito embora não fosse nenhuma obrigação sua.
Quando o seu olhar encontrou o meu, eu imagino que eu não tenha conseguido conter meu olhar de reprovação. A sua fisionomia ficou séria, mas acho que aquela pessoa também não notou. Como um chute no peito, aquilo me atingiu de uma forma que nem eu mesma poderia imaginar ser capaz de sentir. Odiando o fato de que cada vez mais você está presente na minha mente. Aquela cena pareceu ficar congelada por uma década, e foi assim que eu parti, continuei meu rumo para qualquer lugar que seja que eu estava indo. Então dessa forma, no ápice do meu sonho, acordei. Não era meio de novembro, nem no entardecer muito menos você alí. Meu coração ainda estava agitado, virei para o outro lado da cama, respirei aliviada e fechei os olhos com a intenção de voltar a dormir.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Queda Livre


Estou voltando a lhe escrever novamente velho amigo, tenho que admitir que gosto quando falo com você. Esses dias que tem passado aconteceram tantas reviravoltas, me parece que o mundo está a cada segundo mais louco. Eu vejo tanta infelicidade, tanto vazio, tanto... nada nos olhos das pessoas.
Eu fico pensando, quantas pessoas passam por nós todos os dias? 1.000 pessoas? 2.000? Não dá pra estipular, são tantas, e fico imaginando o que será que elas estão pensando? Com quem será que aquela moça elegante saindo da estação está falando ao telefone? Uma amiga, ou amigo, marido, ou mãe, ou até filho ou filha? E aquele senhorzinho sentado sozinho naquele banco, será que está cansado? Será que sente saudades de sua suposta esposa que possa ter vindo a falecer? Sei lá, sei lá.
Eu tento imaginar uma solução para todo esse vazio que vejo, tento encontrar alguma luz para mostrar para essas pessoas que ainda existe uma vida a ser vivida.
Falta amor, falta luz no coração. Você consegue imaginar o que fazer para devolver a vida delas? Quem dera eu fosse uma heroína, viver para salvar vidas, já imaginou como seria bom? Mas se cada um não faz sua parte, como poderia fazer a minha para ajudar?
Será que essas pessoas já desistiram? Isso de certa forma me aborrece. Por que uma vida boa, tranquila, serena, em paz não pode passar de uma utopia?
Será que é possível reverter tudo isso? A questão é, isso depende somente só, nada mais que só, da vontade vinda de dentro de cada um.
É meu amigo, pôde notar que as coisas aqui não vão bem, mesmo assim é muito bom poder falar com você, aguardo esperançosamente sua resposta.

Com amor,
Assinado R.